sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Perdido no tempo, perdido e sem tempo

Adoraria acordar com meu celular tocando, eu olhar o número e não reconhecer. Atender e ouvir aquela voz me dizendo "Oi, tudo bem? eu te acordei? Desculpa! Eu só..é que..eu consegui seu número e achei que não tivesse problema em que ligar pra..nada, só queria poder te ouvir...Mas como vou te ouvir se eu não paro de falar, não é?! Ai droga, você deve estar de mal humor porque foi acordada, me desculpa, eu ligo depois. Tchau".
Eu estaria tão surpresa, em choque, transtornada, que mal conseguiria responder, e deixaria a ligação se encerrar. Ficaria horas olhando pro teto, me enrolando por entre os edredons, com o celular pertinho de mim, esperando ele tocar novamente e ver aquele mesmo número da ligação anterior brilhando na tela do meu celular fajuto da Sta. Ifigênia.
Por impulso, eu acabaria ligando, e escutando um "Oi", um "Oi" que misturasse ansiedade e dúvida. Um silêncio gélido, mas curto, quebrado pela minha voz: "Oi, aquela hora eu tinha acordado mesmo, mas você não precisava ter desligado. Minha voz pela manhã não é das mais lindas, mas com certeza eu teria te respondido educadamente (O educadamente sairia com um tom de alegria puxado para o respondido alegremente) . Um novo e breve silêncio, risada de ambos os lados da ligação, mais algumas trocas bobas de frases feitas, e uma despedida singela de "agora podemos nos falar sempre que pudermos".
O silêncio agora é duradouro, a ligação se encerrou. Então é um silêncio alegre, esperançoso e animador. Eu me levantaria e passaria o dia processando o que foram aqueles momentos. Comeria a primeira porcaria que visse em cima da mesa, tomaria meu remédio, trocaria de roupa, daria uma ultima checada na minha caixa de mensagens virtual, plugaria o fone de ouvido no celular, o encararia por alguns segundos, surgiria um sorriso bobo em meu rosto, e pegaria meu molho de chaves para abrir a porta.
De repente sinto um frio na boca do estômago, minha espinha congela e eu abro os olhos.
Porcaria, eu sempre esqueço de trocar a merda do som do alarme, e sempre me assusto quando ele começa a tocar. Olho o rádio-relógio e percebo que, pra variar, estou atrasada. Percebo também que estou com o celular nas mãos, ainda deitada na cama, entre os edredons e olhando pro teto.
Ele jamais poderia me ligar; ele não tem o meu número.
Ele jamais poderia te dizer aquelas coisas, só você que sente isso
Você jamais poderia retormar a ligação, nunca tem crédito no seu celular.
Ele sabe que você existe, mais difícilmente lembra da sua existência.
Se lembrar........se lembrar.....

Um comentário:

Anônimo disse...

Lei da vida, Meia. :(

Mas é aquela frase clichê: as coisas acontecem quando a gente menos espera. Sou um exemplo vivo disso... Tava sofrendo bastante faz um tempinho e agora tô aqui, muito feliz! :)

Hahah, te desejo toda a sorte do mundo. ♥